Mais de 200 venezuelanos viajam nesta quarta-feira (5) de Roraima a outros Estados. Está prevista a transferência de 88 para São Paulo, 125 para Esteio (RS) e outros quatro desembarcam em Brasília.
O Boeing 767 da Força Aérea Brasileira (FAB) levando os solicitantes de refúgio e residência sairá de Boa Vista às 8h (horário local) e deve pousar em Brasília por volta das 12h30. De lá, segue para São Paulo, onde a chegada está prevista na Base Aérea de Guarulhos para as 16h. A estimativa é que o voo chegue ao aeroporto de Porto Alegre às 19h30.
Em Brasília, os quatro venezuelanos participam de uma nova modalidade de interiorização, a reunificação familiar. Eles reencontrarão familiares que moram em Goiás e não ficarão em abrigos.
Em São Paulo, os 88 venezuelanos ficarão em quatro abrigos – três deles administrados pela prefeitura e um ligado a uma congregação religiosa.
Já os 125 transferidos para Esteio (RS) serão acolhidos em um abrigo federal alugado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), com alimentação fornecida pelo Governo Federal.
Em setembro, o objetivo do governo é transportar cerca de 400 pessoas por semana. Na terça-feira (4), foram 204 levados a Manaus e Cuiabá.
“Esse processo tem como objetivo integrar sócio e economicamente os venezuelanos no Brasil, mas também tem o objetivo de desafogar Roraima”, disse o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. “Vamos terminar setembro com 2.515 venezuelanos interiorizados, vamos dar um salto grande neste mês de setembro”, acrescentou.
Repasse de recursos
Portaria publicada na segunda-feira (03) autorizou o repasse de recursos do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) a Esteio e Canoas para estruturação da rede socioassistencial dos municípios para acolhida dos venezuelanos. O incremento de R$ 1,2 milhão para Canoas e R$ 534,4 mil para Esteio tem validade de 6 meses.
Como é organizada a interiorização
A interiorização conta com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da Agência da ONU para as Migrações (OIM), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Para aderir à interiorização, o ACNUR identifica os venezuelanos interessados em participar e cruza informações com as vagas disponíveis e o perfil dos abrigos participantes. A agência assegura que os indivíduos estejam devidamente documentados e providencia melhoras de infraestrutura nos locais de acolhida. A OIM atua na orientação e informação prévia ao embarque, garantindo que as pessoas possam tomar uma decisão informada e consentida, sempre de forma voluntária, além de realizar o acompanhamento durante todo o transporte. O UNFPA promove diálogos com mulheres e pessoas LGBTI para que se sintam mais fortalecidas neste processo, além de trabalhar diretamente com a rede de proteção de direitos nas cidades destino com o objetivo de fortalecer a capacidade institucional. Já o PNUD trabalha na conscientização do setor privado para a absorção da mão de obra refugiada.
Reuniões prévias do governo e da ONU com autoridades locais e coordenação dos abrigos definem detalhes sobre atendimento de saúde, matrícula de crianças em escolas, ensino da Língua Portuguesa e cursos profissionalizantes.
Todos os selecionados aceitaram participar da interiorização, foram vacinados, submetidos a exame de saúde e regularizados no Brasil – inclusive com CPF e carteira de trabalho. A interiorização é uma iniciativa criada para ajudar venezuelanos em situação de extrema vulnerabilidade a encontrar melhores condições de vida em outros Estados brasileiros.
Crédito: Fernando Godinho/ACNUR
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