Maria Lúcia Delgado
Brasília
- O presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) vai editar hoje ou amanhã uma medida provisória criando o vale-pedágio.
“É uma decisão presidencial, independente do acordo ou de paralisação”, afirmou
ontem o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha. A decisão do governo não
convenceu o Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) a desistir da
paralização nas rodovias de todo o país. Padilha e Fernando Henrique discutem
hoje o assunto. Dentro de 25 dias a medida provisória valerá na prática. O
ministro afirmou que esse é o único ponto em que o governo cedeu e que os
demais serão objeto de negociação.
“Nós não
constatamos paralisarão porque é feriado. O dia foi de normalidade nas rodovias
brasileiras”. Disse o ministro, fazendo um balanço do movimento no inicio da
noite de ontem. Eliseu Padilha acredita que a dimensão do movimento dos
caminhoneiros só poderá ser avaliada hoje, já que no 1º de maio as rodovias
estavam praticamente vazias, os caminhões parados e os motoristas com as
famílias.
Abastecimento
– O ministro disse que o governo ainda não quer fazer juízo de valor sobre a
greve, mas aposta que não haverá prejuízo no abastecimento caso apenas os 350
mil caminhoneiros autônomos parem de rodar. Padilha enfatizou que 8540 mil
caminhões são de transportadoras.
Apesar das
resistências dos caminhoneiros, o ministro disse que pretende fazer contato com
Nélio Botelho, presidente do MUBC, para dar prosseguimento ao diálogo. “Sou
porta-voz da negociação”, afirmou. “A paralização não interessa a ninguém, nem
aos caminhoneiros. Pode interessar a outras pessoas”, disse Padilha, insinuando
a existência de uma mobilização política por trás da greve dos caminhoneiros.
Negociação – Outras três propostas do governo estão condicionadas, segundo o ministro, “à negociação com toda a categoria e ao levantamento da paralisação”. A planilha referencial de fretes poderá ser revista pelos caminhoneiros e empresas transportadoras a cada 60 dias – sendo um paâmetro para balizar o mercado –e admite-se uma tolerância de 5% sobre o peso da carga declarado na nota fiscal. O Ministério também pretende conceder a autorização para desmanche de veículos a concessionárias ou oficinas autorizadas.
Eliseu
Padilha assegurou que o vale-pedágio “é mais do que os caminhoneiros queriam”,
pois eles não vão pagar nenhuma tarifa. “Avançamos na negociação e por isso
agora a maioria das entidades não está querendo o movimento”,justificou. Com o
vale-pedágio, os donos de cargas e embarcadores ficarão responsáveis pelo
pagamento da tarifa. O temos dos caminhoneiros autônomos é que as empresas e
embarcadores compensem o não-pagamento de pedágio com aumento do frete.
“Para isso
o ministro José Gregori (Justiça) trouxe o remédio”, argumentou Eliseu Padilha,
alertando que o texto da medida provisória sobre o vale-pedágio vai incorporar
sanções e penalidades sérias para quem repassar o custo da tarifa para o frete.
“A empresa poderá perder o registro de embarcador”, alertou.
Fonte: Jornal do Brasil 02/05/2000
Nenhum comentário:
Postar um comentário