A possibilidade do porto de Rio Grande receber navios
tornará quase obrigatórios novos incentivos à navegação interna no Estado. Afora
o projeto do governo do gaúcho em oferecer 17 pés na hidrovia entre Rio Grande
e Porto Alegre, o alfandegamento do porto de Estrela é o ponto fundamental para
que o modal aproveite a capacidade de Rio Grande.
Só da região fumageira saem algo em torno dos 20 mil
contêineres ao ano com destinos internacionais. Com o porto de Estrela
alfandegado, toda essa carga poderia ser transferida até Rio Grande pela
hidrovia, aliviando as estradas rodoviárias. “Recentemente, em Caxias do Sul,
conversando com um grande exportador da indústria metal-mecânica, chamei-lhe a
atenção sobre a possibilidade de usar o porto de Estrela para transferir seus
produtos até o porto de Rio Grande, o que ele ainda não havia pensado. E o
alfandegamento daquele porto está próximo”, garantiu o ministro.
As trocas, por hidrovias, de mercadorias brasileiras e
uruguaias serão facilitadas com a dragagem de 18 quilômetros na saída do canal
de São Gonçalo, dentro da lagoa Mirim, um gargalo que está impedindo a
navegação de embarcações maiores por aquele local. “Aquela dragagem deveria ser feita pelo
governo gaúcho. Estamos, no entanto, acertando parceria pela qual o Governo
Federal participará da obra. Com a dragagem desse trecho ficará livre a
navegação pela lagoa Mirim e as mercadorias brasileiras poderão entrar em
território uruguaio pelo rio Cebolatti”.
“Em recente encontro com empresários uruguaios da região
fiquei sabendo que, só de madeira, existem 600 mil toneladas/ano, que podem
chegar ao Brasil utilizando a navegação interna. Além disso, existem todas as
mercadorias brasileiras que podem chegar ao Uruguai com economia de frete,
segurança e desafogando estradas rodoviárias.”
Eliseu Padilha lembrou ainda que o Rio Grande, assim como os
portos do Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará, que também deverão ter 60 pés de
calado, poderão se transformar em portos concentradores de carga, abastecendo
suas regiões, incentivando, assim a navegação por cabotagem. “Temos um litoral
de 8 mil quilômetros e numa faixa de 600 quilômetros, a partir do litoral para
dentro do país, está concentrada 80% da população brasileira e 80% do PIB
nacional. Temos uma estrada natural que liga toda essa concentração. A navegação de cabotagem precisa ser
descoberta pela produção brasileira. Com calado de 60 pés, esses portos devem
concentrar essas cargas, onde seria apanhadas pelos grandes navios para suas
viagens até seus países de destinos”, disse o ministro dos Transportes.
Fonte: Gazeta Mercantil – RS
Pág. 03
13/06/2000
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