Molhes de Rio Grande - Ministro Eliseu Padilha |
O processo de integração no âmbito do Mercado Comum do Sul não pode limitar-se à moldura jurídica dos tratados, das atas e dos protocolos. Precisa ser consolidado mediante empreendimentos de interesse comum dos países membros do bloco regional.
Não é outro o significado do anúncio feito na segunda-feira
em Porto Alegre pelo ministro dos Transportes. Segundo o senhor Eliseu Padilha,
o governo federal investirá R$ 215 milhões no prolongamento dos molhes do porto
de Rio Grande e aplicará ainda outros R$ 180 milhões na dragagem do canal de
acesso, aumentando o calado de 12 metros para 18 metros.
Acrescentou ele que o edital de licitação está sendo
publicado pelo Diário Oficial da União, o que teoricamente permitiria o início
das obras em quatro meses.
Estamos diante de iniciativa da maior relevância para a
economia rio-grandense. Aquele complexo não detém apenas uma localização
geográfica privilegiada. Tem igualmente a caracterizá-lo a facilidade de acesso
pelos três modais de locomoção de cargas, o rodoviário, o ferroviário e o
hidroviário. Há muito chamado de Porto do Mercosul, passa a adquirir condições
efetivas de se tornar o grande terminal da união aduaneira à medida que se
concretizarem as melhorias.
Hoje os únicos portos capazes de permitir o ingresso de
navios de última geração, do tipo cape size, capazes de deslocar de 180 mil a
200 mil toneladas, são os de Sepetiba (RJ) e de Bahía Blanca, na Argentina,
pois a capacidade de Rio Grande não ultrapassa as 80 mil toneladas.
Com investimentos, aquele porto se colocará na primeira
linha dos maiores terminais do continente, à frente dos de Buenos Aires e
Montevidéu, e criará condições efetivas para que as exportações gaúchas passem
dos atuais US$ 6 bilhões para algo ao redor dos US$ 7 bilhões anuais.
O mesmo avanço na área de infraestrutura abrirá o caminho
para a ampliação da produtividade em suas operações, proporcionando, em
consequência, ponderável redução de custos. E nem será preciso referir a
renovada importância que assumirá o porto para a metade sul do Estado. Resta esperar agora que o cronograma das obras
seja cumprido sem delongas.
Os recursos já foram liberados para execução orçamentária. O
ministro do desenvolvimento relacionou recentemente o empreendimento entre os
prioritários de sua pasta e o projeto consta do Plano Plurianual em exame final
no Congresso. Ainda assim será indispensável a mobilização do governo gaúcho e
da bancada federal, para que as verbas não sejam objeto de cortes, como tão
frequentemente ocorre.
Zero Hora pag. 16
14/06/2000
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